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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

:: Poderia ser a sua vida::

.: Juliana Persou :.
Nós seres humanos somos tão simplórios que deveríamos pensar mil vezes antes de fazer mal para qualquer animal irracional.
Temos as mesmas características, docilidade, hostilidade, manias, melindres...
Nesses meses que estive em casa, percebi que cada dia temos características marcantes de animais..
Aparentemente mostra uma força incrível, é quase uma referencia de força. Precisa estar em lugares seguros, entre amigos, de preferência da mesma espécie.
São sensíveis, intolerantes, desconfiados, nobres, leais uma vez que conquistam a confiança deles.
São frágeis de uma maneira que não se pode imaginar. Frágil na carne, no físico, mas também no coração, nos sentimentos.
Possuem vontade própria e quando essa vontade é podada, você quase vê nos olhos, a dor de não ter a liberdade e o respeito que lhe é devido.
Mas é preciso olhar com os olhos da alma, com o coração despido de malícia. Se você for capaz de entender um movimento, será capaz de respeitar e ser respeitado por essa criatura.
Do contrario do que pensam os homens, os cavalos intolerantes a dor, sendo capaz de vir a morrer por não saber administrar tal sentimento.
Sua desconfiança é de outras eras... Há quem diga que de tanto ser traído, preferiu se reservar. Tanto que ao nascer já reconhece quem são seus inimigos, e daí leva-se um bom tempo para obter a confiança desse ser novamente.
Sim é possível obter a confiança novamente. É preciso esforço, perseverança e verdade nas intenções.
Seus predadores são seus algozes, são os que precisam e usam do seu físico até o último suspiro.
Por vezes vemos cavalos trabalhando nas ruas, sendo explorados fisicamente, mas o pior disso tudo é ver sendo explorados moralmente, trabalhando quanto seu coração suporta, e quando este falha, explode, ele vai ao chão.
Seus últimos movimentos são inerentes, vem da sua musculatura forte, maltratada pela vida, ouve-se ainda uma respiração forte, rápida e breve.... Que vai diminuindo..
Tudo isso vai acontecendo e enquanto isso ao invés de mostrar respeito e compaixão pelo companheiro de trabalho, de dias de sol e chuva... O Explorador faz do tempo um aliado para fugir, com o pouco que consegue carregar, puxando a carroça que fora fardo para aquele ser tão frágil e grande, que agora fica no asfalto esperando a vida lhe sair pelas narinas nervosas.
O Explorador vai embora e deixa pra trás o explorado, ali nos seus últimos segundos de vida. Nem olha pra trás, é além de tudo um covarde que não merece sequer as duas pernas que o sustentam em pé.
Ao olharmos mais de perto, na cara do cavalo mesmo, vemos um olhar longe, aflito... Julgo ser medo, por estar mais vulnerável que em qualquer momento e estar submetido aos olhares de piedade. Algum ou outro até arrisca dizer que ele até chorou antes de dar um último suspiro, pode ser... Outros diriam que o esforço em demasia para respirar causaria os olhos inundados... Pode ser também...
Mas o fato é que ele fica ali até que algum órgão responsável possa levar aquele ser que antes trazia o sustento para uma família e que agora sem vida não passa de um monte de lixo. E terá esse tratamento.
Você fica com essa imagem na cabeça. Pensa como pode ter coragem de deixar pra trás alguém que estava com você todos os dias, durante o dia todo.
Que passou por apuros com você.
Que hora ou outra, balançava a cabeça para receber um carinho.
Como alguém pode maltratar um ser que é tão bonzinho, inofensivo?
Colocar-lhe tanto peso capaz de machucar.
Trazer tanta dor para um bichinho que nunca fez mal pra ninguém.
Isso não é pobreza, isso é miséria, miséria de espírito, de alma...
O carro de bombeiro chega, munido de guinchos e faixas para remover esse cavalo lutador.
De longe a gente nota o respeito que até eles têm por um ser vivo. Mas tudo é trabalho, não há tempo de pensar.
O Cavalo sem vida é içado para dentro da caçamba, e um som de algo sem vida caindo de uma altura não tão alta é ouvida. Dói ouvir isso. Mesmo sabendo que não existe mais vida ali, mesmo sabendo que da pior forma, a dor daquele bichinho acabou. Ainda existe no ar, um peso de horror pelo abandono sofrido pelo bichinho.
Os bombeiros vão embora, levando aquele que um dia ajudou uma família a não morrer de fome. Que teve suas forças absorvidas pela ignorância da mediocridade de um ser que não sabe o que é respeitar a vida.

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